5 Filmes para Celebrar o Dia do Cinema Brasileiro



Em dezessete de junho de 1898 o Rio de Janeiro, então capital do Império, testemunhou um sopro de modernidade. A bordo do navio Brèsil, Affonso Segreto apontou sua câmera pioneira para a Baía de Guanabara, registrando as primeiras imagens em movimento em solo nacional. Essa tentativa inaugural de registro fílmico, hoje perdida no tempo, marca o Dia do Cinema Brasileiro. Uma data que não representa um marco triunfante, mas símbolo da persistência criativa de uma cinematografia que, desde seu nascimento, navega entre desafios e epifanias. Celebre e explore essa história com as seguintes sugestões de obras genuinamente brasileiras.

• Limite (1931), de Mário Peixoto, permanece como um enigma. Único filme do diretor, essa obra-prima do cinema mudo brasileiro, com sua estética visual hipnótica e influência surrealista, foi considerado perdido por décadas. Sobreviveu graças a uma cópia milagrosamente recuperada e restaurada, tornando-se objeto de culto. Pode ser explorado gratuitamente no portal da Cinemateca Brasileira ou em canais especializados do YouTube dedicados a acervos históricos.  

• O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla, respira urgência e baixo orçamento utilizado com criatividade. Inspirado nas ações do criminoso real João Acácio Pereira da Costa, o filme foi rodado em apenas dezesseis dias. Sua linguagem ácida e visual psicodélico, uma crítica feroz à sociedade elitizada, cimentou o Cinema Marginal. Atualmente, se encontra na plataforma Belas Artes à La Carte.  

• Bye Bye Brasil (1980), de Cacá Diegues, carrega nas entranhas um ato de resistência. A canção-tema homônima, composta por Chico Buarque, foi censurada pela ditadura militar. O filme apresenta um retrato melancólico e colorido de uma caravana artística itinerante cruzando um Nordeste em transformação. A obra captura o Brasil no limiar entre o arcaico e o moderno. Está disponível no Globoplay.

• Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha, é um milagre político e artístico. Filmado sob o véu da ditadura militar, sua alegoria febril sobre o poder, a corrupção e a revolução, repleta de simbolismo e fúria poética, conseguiu escapar dos censores. Conquistou o prêmio da crítica no Festival de Cannes. Pode ser visto em sua versão restaurada no Globoplay

• O Homem que Copiava (2003), de Jorge Furtado, nasceu da velocidade. Seu roteiro inteligente, que mistura romance, comédia de costumes e uma sutil crítica social, foi escrito em apenas doze dias. A história de André, um operador de fotocópias que vira falsificador para impressionar uma vizinha, é uma joia de inventividade narrativa e que apresenta questões de um Brasil mais contemporâneo, como o uso da tecnologia. Está acessível na Netflix e Globoplay.  

Para quem quer explorar ainda mais títulos, o universo digital oferece portais acessíveis. A Cinemateca Brasileira online guarda raridades em domínio público. Fique atento também às mostras virtuais gratuitas promovidas por instituições como CCBB e Itaú Cultural.  

No Dia do Cinema Brasileiro, cada filme é uma janela aberta para um fragmento do país. Mais que entretenimento, são artefatos culturais que guardam histórias de criação audaciosa, superação e a pulsante, contraditória, identidade nacional. Boa sessão de descobertas.

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