Fora do Roteiro: GTA VI e a Tirania das Datas de Estreia
O cinema, por exemplo, sofre com a tirania das datas de estreia. Franquias são espremidas em cronogramas impossíveis, roteiros são escritos às pressa e o resultado são obras genéricas e esquecíveis. Quentin Tarantino, que leva anos entre um filme e outro, já disse: "Se você quer fazer algo memorável, não pode ter medo de esperar.". A Rockstar parece pensar da mesma forma. Se Red Dead Redemption 2 levou quase uma década para ser feito, mas resultou em uma obra-prima, por que GTA VI deveria seguir um caminho diferente?
A arte não é um produto como qualquer outro. Ela não se encaixa em linhas de produção, nem obedece a planilhas de Excel. O processo criativo é orgânico, caótico e imprevisível. Ele pode nascer em um estalo de genialidade ou exigir anos de tentativas e erros. Grandes narrativas não surgem do nada. Exigem paciência, risco e, acima de tudo, liberdade. Se há algo que a Rockstar ensina para quem trabalha e aprecia construção narrativa, é que a excelência não negocia com o relógio.
Em uma era de consumo descartável, a resistência da Rockstar em não ceder à pressão é um exemplo. Enquanto outras produtoras inundam o mercado com produtos mal-acabados, o estúdio prefere o silêncio e o trabalho minucioso. É uma postura que remete aos tempos em que a indústria cultural não era refém do hype.
Portanto, em vez de contarem os dias no calendário, os fãs deveriam celebrar cada adiamento. Por trás dele, está a recusa em entregar algo medíocre. Se o preço a pagar por um jogo à altura do legado da franquia é a espera, então que se espere. A arte não é uma corrida. No fim, só os trabalhos feitos sem concessões é que sobrevivem ao tempo.
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